Incrível A verdade por trás das pessoas de produto extraordinárias
Bernard De LunaPrefácio por Edson Mackeenzy
Você já parou para pensar onde nasce a criatividade? Foi com perguntas assim que comecei a admirar o Bernard De Luna. Ele é uma daquelas pessoas que conseguem contestar o incontestável e que nos provocam a pensar no impensável.
Escrever um prefácio de um livro é, por si, um grande desafio — em especial para mim. Sinto que este é o momento em que precisarei organizar, unificar e prototipar, em uma breve apresentação, um pouco da ideia central deste livro, tendo como base o que vivi, vi e aprendi com De Luna. Uma relação que começou com a minha admiração de fã e espectador de suas palestras, evoluiu para uma relação profissional e resultou em um convite para ser seu padrinho de casamento.
Se você ainda não me conhece, sou o cofundador do Videolog.tv, a 1ª plataforma de vídeos do mundo, uma startup que concorria diretamente com o YouTube e chegou a ter milhares de usuários no Brasil. Após enfrentar uma grave crise em 2009, percebemos que precisávamos buscar soluções alternativas de receita para não passar novamente por austeridades financeiras e, também, para atender ao mercado corporativo, que sempre demandava uma solução maleável, adaptável e robusta. Entenda que a parte mais complexa de executar um projeto inovador não é apenas ser criativo, mas, sim, conseguir pensar de maneira clara quem será seu cliente e quais serão suas demandas. Antes de “tirar as ideias do papel”, é preciso colocar as ideias lá — e se você está com este livro nas mãos, pode imaginar que isso não é simples.
Após assistir a uma aula sobre metodologias e prototipação do De Luna, resolvi convidá-lo para compor o nosso time como dono de produto e líder do time de desenvolvimento — e foi uma das melhores experiências profissionais da minha vida. Ele foi responsável por nos instigar criativamente a fazer mais e melhor, mesmo com poucos recursos. Alimentava nossa criatividade com técnica e exemplos práticos. Sabia liderar com uma humildade intelectual que nos permitia encontrar genialidade na mais profunda bobagem que ouvia.
É impossível resumir aqui como foi a experiência de atuar lado a lado e admirar diariamente a sua genialidade em prática, mas, para tangibilizar um pouco disso que estou falando, posso compartilhar com você o desafio que foi definir o nome do produto que estávamos criando. Precisava ser um nome forte, curto, que grudasse na cabeça dos clientes e, ao mesmo tempo, que tivesse um forte significado para a equipe. Após retornar de um fim de semana de mergulho, ao compartilhar algumas histórias da viagem, comentei sobre o baiacu, um peixe comum na costa brasileira que se expande para se defender de predadores. Na época, o maior medo dos clientes era superlotar o armazenamento de vídeos. Isso era comum; sites saíam do ar por conta disso. O próprio Twitter, quando estava sobrecarregado, apresentava uma imagem de uma baleia sendo carregada por passarinhos. Com essa ideia na cabeça, De Luna sugeriu que o nome do produto fosse Puffer (baiacu em inglês). Um nome original, criativo — ele criou até o mascote. Infelizmente, o projeto não teve recursos o suficiente para seguir em frente, mas o aprendizado que tive nunca será esquecido.
Anos mais tarde, após falir com o grupo Videolog e ser obrigado a voltar ao mercado, assumi a função de Head de relacionamento na Bossanova Investimentos, e uma das empresas investidas era fundada pelo De Luna. Como o fundo estava dando seus primeiros passos e ainda estava se estruturando, provoquei o Pierre Schurmann e o João Kepler a respeito de que precisávamos ter uma marca que representasse nossos valores. Foi quando contei minhas experiências criativas com o De Luna, que prontamente nos emprestou sua genialidade e criou a marca que até hoje é usada pela Bossanova Investimentos.
Gosto de pensar no De Luna como o vento, que se molda às mais diversas superfícies com suavidade e delicadeza, mas que, ao mesmo tempo, é ágil e indomável. Se você quer construir produtos incríveis, saiba que chegou ao livro certo. Aqui você vai encontrar ferramentas, técnicas, processos e métodos que vão lhe mostrar, de maneira prática, que a criatividade não é mágica, mas, sim, o resultado de uma intensa jornada e, se amparada pelos equipamentos certos, você vai aproveitar cada momento.
Se você ainda não conhece o Bernard De Luna, convido você a dar uma chance para conhecer o que ele tem a dizer. Garanto que você vai se surpreender. Ele tem uma organização mental, uma visão clara e de longo prazo, um coração nobre e uma delicadeza para corrigir, orientar e transformar que poucas vezes vi ao longo destes meus mais de vinte anos de trabalho com tecnologia. Ele me ensinou quase tudo o que sei sobre criatividade, sobre métodos e sobre como transformar sonhos em produtos incríveis e admirados.
Prefácio por Raphael Dyxklay
A história de como conheci o Bernard — ou B, para os íntimos — diz muito sobre ele: após um post que fiz em uma rede social, recebi um comentário de alguém furioso com o que eu tinha escrito. Essa pessoa tinha um ponto de vista diferente do meu e fez questão de trazer a público, com uma intenção que não era das melhores. Mais de uma pessoa veio no meu privado dizer que sentia muito. Mas o B não só foi o primeiro, como o que mais se doou nessa empreitada — ofereceu ajuda, buscou me animar e, ali, começamos uma amizade inusitada e que, muito mais tarde, viraria uma sociedade.
Conto isso para avisar você de algo que não demoraria para que você concluísse sem mim: o livro que você tem nas mãos exala um autor que é tudo, menos morno. Bernard De Luna não faz nada sem alma, sem sal ou sem personalidade. Para o bem ou para o mal, é uma pessoa que não passa despercebida. Portanto, não posso dizer que me surpreendi ao notar o quanto este livro impacta quem está lendo.
A primeira importância dessa obra é sua relevância para o mercado de trabalho de tecnologia. Para além da carreira de gestão de produto, você vai notar conselhos práticos de como ser um(a) melhor profissional e que tipo de talento o mercado vem demandando mais e mais.
Gosto de dividir na minha cabeça a relevância que vejo neste livro em três frentes:
* Sua capacidade não apenas de explicar, mas de introjetar no leitor o conhecimento de habilidades comportamentais;
* Seu nível de perenidade, com potencial para nunca ficar “datado” ou mesmo de se limitar ao futuro da carreira de produto especificamente;
* Seu nível prático, sem espaço para aquilo que dá prestígio ao autor, mas, cedo ou tarde, se prova teórico demais.
Começando pelo que chamo de “introjeção”, Bernard é brilhante em suas analogias, parábolas e metáforas. O resultado é uma capacidade didática que não costuma ser vista em nosso meio. Você, como pessoa leitora, terá alguns “estalos” graças esse cuidado obsessivo. Com um viés grande de design, não me surpreende essa busca pela sistematização perfeita do conhecimento.
Já no aspecto de perenidade, tenho algo a contar: como seu sócio, sempre digo que estamos influenciando o futuro da carreira de produto na direção certa. Ao focar em habilidades comportamentais e não técnicas, este livro garante valor para esse futuro de longo prazo — e pode ajudar também as profissões futuras que surgirem depois da gestão de produto, mas que ainda mantenham o viés de resolução de problemas e interseção de valor empresa-cliente.
No tocante ao campo prático, você vai notar esse atributo de diferentes formas. Seja quando B descreve uma situação de trabalho em detalhes e explica a melhor atitude a se tomar em seu passo a passo, seja quando esquematiza "Do’s" e "Don'ts" da carreira sem qualquer caráter evasivo.
A escolha do sequenciamento dos episódios também é digna de menção. O início do livro toca a maior de todas as questões de uma pessoa gestora de produto. Seu caminho para atravessar um momento de mercado que demanda resultado acima de eficiência, mas que está ainda em transição - com muitas ambiguidades e nuances a serem operadas na prática.
Após esse ponto de partida, Bernard decodifica nossos enigmas como gestores de produto um a um. Ser especialista ou generalista; como lidar com a zona cinzenta entre dados e percepções; como trabalhar com o mar de informações que temos.
Pelo miolo da leitura, você também vai entender o “estilo de trabalho” da gestão de produto, o jeito particular como profissionais com esse background lidam com as coisas, estejam elas em um escopo de produtos digitais ou não. Gosto de dizer que empacotar esse “estilo de trabalho” é como tirar a foto de algo que se move muito rápido. Além de muito trabalhoso, nunca é definitivo.
A obra é igualmente bem-sucedida em algo que eu mesmo falho com alguma frequência: explicar exatamente a relação problema-solução que norteia profissionais de destaque não apenas de produto, mas também de outras áreas — incluindo as melhores empreendedoras que conheço.
Para completar, fiquei particularmente marcado quando Bernard traz seu ângulo de visão sobre o processo de aprendizado. Cada um de nós que investir tempo em busca de sair melhor do outro lado dessa leitura possui seus próprios demônios quando o assunto é se desenvolver. Temos nossos jeitos próprios de aprender e até mesmo de nos engajarmos com o conhecimento e não é simples pilotar todos os dias esse veículo que nos foi dado. Por isso, vêm tanto a calhar a generosidade e a empatia do autor frente a como ele mesmo lida com esses demônios — o que aprendeu formando milhares de profissionais com outros perfis de aprendizado.
Dito isso, você vai começar a leitura de um trabalho que divide águas na literatura internacional de gestão de produtos digitais. É muito especial ver que, ao lado de livros que trouxeram tópicos tão relevantes nos últimos anos (como liderança e descoberta de produto), estará esta obra, focada na dimensão comportamental da carreira, escrita por um brasileiro, em representação a todo um continente de profissionais criativos, adaptáveis e empáticos. Um primeiro passo para um mercado global de tecnologia com outra cara.
Sumário
- 1 A orientação quase divina a resultados
- 1.1 O mito de Sísifo e o trabalho sem propósito
- 1.2 Uma ou muitas estrelas, o importante é olhar para o céu
- 1.3 Um poder quase inconsciente
- 2 Product Manager precisa ser especialista ou generalista?
- 2.1 O fetiche na especialidade
- 2.2 A Raposa e o Porco-espinho
- 2.3 Transformando-se em um Macaco
- 3 O vale da morte opinativo e como evitá-lo
- 3.1 Preparação e comportamento em uma reunião para uma pessoa de produto
- 3.2 O poder de dizer "não"
- 4 A Alegoria da Caverna de ideias de produto
- 4.1 Os diferentes tipos de ideias
- 4.2 A fragilidade e a antifragilidade das ideias
- 4.3 Resiliência x robustez
- 4.4 Abrindo a máquina de estresse de ideias
- 4.5 O processo de avaliação de uma ideia
- 5 Será que é hora de ser um herói?
- 5.1 Os seis tipos de liderança
- 5.2 O time não precisa de um herói
- 5.3 Liderando um time de produto
- 6 Querida, encolhi os problemas
- 6.1 O pensamento analítico
- 6.2 O poder da decisão
- 6.3 Zoom in, zoom out
- 7 Somos todos consultores
- 7.1 As competências de uma consultora
- 7.2 A diferença entre consultora de produto e gerente de produto
- 7.3 Qual o futuro de pessoas consultoras de produto?
- 8 A liderança de pessoas e expectativas
- 8.1 Uma escola de talentos do futuro
- 8.2 As três direções da gestão
- 8.3 Diferentes formas de comunicação
- 9 Nunca pare de aprender
- 9.1 O quanto você realmente sabe?
- 9.2 Três ambições
- 9.3 Feedback como ferramenta de aprendizado
- 9.4 Aprendizagem como gatilho da reflexão
- 9.5 Conclusão
- 10 Você é incrível
- 10.1 Foque no que você já é boa
- 10.2 A falácia do "Você precisa"
- 10.3 Responsabilidades específicas e o lado especialista
- 10.4 Tudo é um experimento
- 10.5 Conclusão
Dados do produto
- Número de páginas:
- 236
- ISBN:
- 978-85-5519-325-5
- Data publicação:
- 12/2022